18 de mai. de 2008

Cada vez mais alto



Por mais que calem por mais voltas que o mundo dê por mais que neguem os acontecimentos por mais repressão que o Estado implante; por mais que se mascarem com a democracia burguesa; por mais greves de fome que sufoquem; por mais que superlotem os cárceres; por mais pactos que assinem com os manipuladores; por mais guerras e repressão que imponham; por mais que tentem negar a história e a memória de nossa classe.


Mais alto diremos: assassinos de povos miséria de fome e liberdade negociantes de vidas alheias. Mais alto que nunca, gritando ou em silêncio, recordaremos vossos assassinatos de gentes, vidas, povos e natureza. De boca em boca, passo a passo, pouco a pouco.


Salvador Puig Antich 1974

Está cada vez mais raro



Não há nada mais raro hoje em dia do que a disponibilidade para a escuta do outro, do outro como diferença.
Tão viciados estamos dentro dos nossos próprios referenciais, dada a nossa formação, ou melhor, deformação de especialistas em pequenas áreas do saber sobre o homem, que não nos tornamos senão prisioneiros, cada um de nós, num pequeno gueto das chamadas ciências humanas.


Lúcia Santaella

7 de mai. de 2008

Liberadade


"Liberdade, essa palavra

Que o sonho humano alimenta

Que não há ninguém que explique

E ninguém que não entenda"


Cecília Meireles


5 de mai. de 2008

O Amor


O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de *dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pr'a saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...

4 de mai. de 2008

Minha carne é de carnaval





Enquanto a nação de maior poder bélico


Que fomenta as guerrilhas do mundo se veste de vítima

Diabos africanos demônios latinos encarnados orientais

Pagam com pernas e braços em minas terrestres o pecado da exclusão


Minha carne é de carnaval

Meu coração é igual


E é carnaval na América latina os zapatistas cantam os cubanos lustram suas armas


E é carnaval e foices para o alto no assentamento dos sem terra

E é carnaval e até o ar aqui da fronteira