22 de nov. de 2008

Lispector




"Gosto dos venenos mais lentos dos cafés mais amargos das atitudes mais inesperadas.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até querer me empurrar de um penhasco, que eu vou olhar e dizer:
- E daí? Eu adoro voar..."



Clarice Lispector

18 de jul. de 2008

Assim falou Zaratustra




O inimigo mais perigoso que você poderá encontrar será sempre você mesmo.












Friedrich Nietzsche

8 de jul. de 2008

A inspiração passou a depender do transistor...



















Meu rancho de palha
Meu campo de malha
Um rosto na talha
E a chuva na cara


Cidadão da mata
Eu sou
Cidadão da mata
Eu sou

A água na lata
A mesa tão farta
Perdido na data
Achei-me na mata


Cidadão da mata
Eu sou
Cidadão da mata
Eu sou

Um touro na raia
Um potro na baia
A gente não vai
Qualquer um que caia


Cidadão da mata
Eu sou
Cidadão da mata
Eu sou

Meu cão minha, minha gralha
A minha pirralha
Meu pão minha tralha
E um velho que malha


Cidadão da mata
Eu sou
Cidadão da mata
Eu sou

Meu rabo de saia
Comigo na praia
Mais se o dia raia
A gente trabalha


Cidadão da mata
Eu sou
Matador da vila
Não sou
Não sou...

Amo, amo a mata.
Porque nela não há preços, amo o verde que me envolve
O verde sincero que me diz que a esperança, não é a ultima que morre
Quem morre por ultimo é o herói
E o herói, é o cabra que não teve tempo de correr...

18 de mai. de 2008

Cada vez mais alto



Por mais que calem por mais voltas que o mundo dê por mais que neguem os acontecimentos por mais repressão que o Estado implante; por mais que se mascarem com a democracia burguesa; por mais greves de fome que sufoquem; por mais que superlotem os cárceres; por mais pactos que assinem com os manipuladores; por mais guerras e repressão que imponham; por mais que tentem negar a história e a memória de nossa classe.


Mais alto diremos: assassinos de povos miséria de fome e liberdade negociantes de vidas alheias. Mais alto que nunca, gritando ou em silêncio, recordaremos vossos assassinatos de gentes, vidas, povos e natureza. De boca em boca, passo a passo, pouco a pouco.


Salvador Puig Antich 1974

Está cada vez mais raro



Não há nada mais raro hoje em dia do que a disponibilidade para a escuta do outro, do outro como diferença.
Tão viciados estamos dentro dos nossos próprios referenciais, dada a nossa formação, ou melhor, deformação de especialistas em pequenas áreas do saber sobre o homem, que não nos tornamos senão prisioneiros, cada um de nós, num pequeno gueto das chamadas ciências humanas.


Lúcia Santaella

7 de mai. de 2008

Liberadade


"Liberdade, essa palavra

Que o sonho humano alimenta

Que não há ninguém que explique

E ninguém que não entenda"


Cecília Meireles


5 de mai. de 2008

O Amor


O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de *dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pr'a saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...

4 de mai. de 2008

Minha carne é de carnaval





Enquanto a nação de maior poder bélico


Que fomenta as guerrilhas do mundo se veste de vítima

Diabos africanos demônios latinos encarnados orientais

Pagam com pernas e braços em minas terrestres o pecado da exclusão


Minha carne é de carnaval

Meu coração é igual


E é carnaval na América latina os zapatistas cantam os cubanos lustram suas armas


E é carnaval e foices para o alto no assentamento dos sem terra

E é carnaval e até o ar aqui da fronteira

28 de abr. de 2008

tempo, temporal, temporalidade...


Temporalidade questão de humildade, pois em cem anos todos estaremos mortos e a terra será de novos, sejamos breves e voláteis como o álcool...

16 de abr. de 2008




Os escravos do século XXI não precisam ser caçados, transportados e leiloados através de complexas e problemáticas redes comerciais de corpos humanos. Existe um monte deles formando filas e implorando por uma oportunidade de trocar suas vidas por um salário de miséria. O "desenvolvimento" capitalista alcançou um tal nível de sofisticação e crueldade que a maioria das pessoas no mundo tem de competir para serem exploradas, prostituídas ou escravizadas.



Luther Blisset


O objetivo dos governos é sempre o mesmo: limitar o indivíduo, domesticá-lo, subordiná-lo, subjugá-lo.


Max Stirner

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25 de mar. de 2008

Bukowski


O que mata não é a bebida, mas sim trabalhar antes do meio dia.


Charles Bukowski



falar?

Porque alguém tem sempre que falar?Muitas vezes não deveríamos falar, e sim ficar em silêncio.Quanto mais se fala, menos as palavras significam.Palavras devem expressar apenas o que queremos dizer.

em Viver a vida, de Jean-Luc Godard

14 de mar. de 2008

Brás Cubas





“Ao verme que primeiro roeu as frias carnes de meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas memórias póstumas.”

7 de mar. de 2008

Che discursa nas Nações Unidas [1964]






- TEXTO ORIGINAL: "Esta epopeya que tenemos delante la van a escribir las masas hambrientas de indios, de campesinos sin tierra, de obreros explotados. La van a escribir las masas progresistas, los intelectuales honestos y brillantes que tanto abundan en nuestras sufridas tierras de América Latina."


- TRADUÇÃO: "O conjunto épico das operações militares em nossa frente, será escrito por massas de índios famintos, de lavradores sem terras, de trabalhadores explorados. Será escrito pelas massas progressivas, os honestos e brilhantes intelectuais que são abundantes em nossa extensa sofredora terra da América Latina."

4 de mar. de 2008

29 de fev. de 2008

BUSCA...




Se eu pudesse deixar algum presente a você, deixaria acesso ao sentimento de amar a vida dos seres humanos.



A consciência de aprender tudo o que foi ensinado pelo tempo afora...



Lembraria os erros que foram cometidos para que não mais se repetissem.



A capacidade de escolher novos rumos. Deixaria para você, se pudesse, o respeito àquilo que é indispensável: Além do pão, o trabalho. Além do trabalho, a ação.



E, quando tudo mais faltasse, um segredo: O de buscar no interior de si mesmo a resposta e a força para encontrar a saída."




Mahatma Gandhi

26 de fev. de 2008

25 de fev. de 2008

AQUI TEM UM BANDO DE LOUCOS




Aqui estão os loucos. Os desajustados. Os rebeldes. Os encrenqueiros. Os que fogem ao padrão. Aqueles que vêem as coisas de um jeito diferente. Eles não se adaptam às regras, nem respeitam o status quo. Você pode citá-los ou achá-los desagradáveis, glorificá-los ou desprezá-los. Mas a única coisa que você não pode fazer é ignorá-los. Porque eles mudam as coisas. Eles empurram adiante a raça humana. E enquanto alguns os vêem como loucos, nós os vemos como gênios. Porque as pessoas que são loucas o bastante para pensarem que podem mudar o mundo são as únicas que realmente podem fazê-lo.


Jack Kerouac

19 de fev. de 2008

Liberdade!!!



A liberdade de eleições permite que você escolha o molho com o qual será devorado.


Eduardo Galeano

15 de fev. de 2008

pan...



varanda da pousada...
(foto: Arnaldo)

Pink Floyd - Eclipse

All that you touch
All that you see
All that you taste
All you feel.
All that you love
All that you hate
All you distrust
All you save.
All that you give
All that you deal
All that you buy,
beg, borrow or steal.
All you create
All you destroy
All that you do
All that you say.
All that you eat
everyone you meet
All that you slight
everyone you fight.
All that is now
All that is gone
All that's to come
and everything under the sun is in tune
but the sun is eclipsed by the moon.



Tudo o que você toca
Tudo o que você vê
Tudo o que você prova
Tudo o que você sente.
Tudo o que você ama
Tudo o que você odeia
Tudo você desacredita
Tudo você salva.
Tudo o que você doa
Tudo o que você trata
Tudo o que você compra,
acha, empresta ou rouba.
Tudo você cria
Tudo você destrói
Tudo o que você faz
Tudo o que você fala.
Tudo o que você come
todos que conhece
Tudo o que você fere
todos com quem você briga.
Tudo o que é agora
Tudo o que já foi
Tudo o que já vem
e tudo debaixo do sol está sintonizado
mas o sol é eclipsado pela lua.



13 de fev. de 2008

In Girum




Se você não tem nenhuma empatia com o brilho enganoso deste mundo virado de ponta cabeça, você é visto, pelo menos por aqueles que acreditam em tal mundo, como uma lenda controversa, como um fantasma invisível e malévolo, como um perverso Príncipe das Trevas.Que é na realidade um bom título — mais honrado que qualquer outro que o atual sistema de explicações iluminadas por holofotes é capaz de dar.Assim, nos tornamos emissários do Príncipe de Divisão — "aquele que está errado" — aquele que traz desespero àqueles que se identificam com a humanidade.


Guy Debord, In Girum

Humanity

Não é do trabalho que nasce a civilização: ela nasce do tempo livre e do jogo.



Alexandre Koyré



11 de fev. de 2008

Nasci em um tempo em que a maioria dos jovens haviam perdido a crença em deus, pela mesma razão que os seus maiores a haviam tido - sem saber porquê. E então, porque o espírito humano tende naturalmente para criticar porque sente, e não porque pensa, a maioria desses jovens escolheu a humanidade para sucedâneo de deus. Pertenço, porém, àquela espécie de homens que estão sempre na margem daquilo a que pertencem, nem vêem só a multidão de que são, senão também os grandes espaços que há ao lado. Por isso nem abandonei deus tão amplamente como eles, nem aceitei nunca a humanidade. Considerei que deus, sendo improvável, poderia ser, podendo pois dever ser adorado; mas que a humanidade, sendo uma mera idéia biológica, e não significando mais que a espécie animal humana, não era mais digna de adoração do que qualquer outra espécie animal. Este culto da humanidade, com seus ritos de liberdade e igualdade, pareceu-me sempre uma revivescência dos cultos antigos, em que animais eram como deuses, ou os deuses tinham cabeças de animais.

Fernando Pessoa

7 de fev. de 2008

começando...

Símbolos? Estou farto de símbolos…

Mas dizem-me que tudo é símbolo,Todos me dizem nada.Quais símbolos? Sonhos.Que o sol seja um símbolo, está bem…Que a lua seja um símbolo, está bem…Que a terra seja um símbolo, está bem…Mas quem repara no sol senão quando a chuva cessa,E ele rompe as nuvens e aponta para trás das costas,Para o azul do céu?Mas quem repara na lua senão para acharBela a luz que ela espalha, e não bem ela?Mas quem repara na terra, que é o que pisa?Chama terra aos campos, às árvores, aos montes,Por uma diminuição instintiva,Porque o mar também é terra…Bem, vá, que tudo isso seja símbolo…Mas que símbolo é, não o sol, não a lua, não a terra,Mas neste poente precoce e azulando-seO sol entre farrapos finos de nuvens,Enquanto a lua é já vista, mística, no outro lado,E o que fica da luz do diaDoura a cabeça da costureira que pára vagamente à esquinaOnde se demorava outrora com o namorado que a deixou?Símbolos? Não quero símbolos…Queria — pobre figura de miséria e desamparo!Que o namorado voltasse para a costureira.

Álvaro de Campos