25 de nov. de 2009

Psicodelia na Paraíba ll


Paêbirú - Lula Côrtes e Zé Ramalho


A primeira vez que o Brasil ouviu Zé Ramalho da Paraíba foi na voz de Vanusa, que gravou a canção Avohay em seu disco "Vanusa - 30 Anos", em 1977, pela Som Livre.
Um ano após, já sem o 'Paraíba", Zé Ramalho ganhou as paradas nacionais com sua enigmática e encantadora mistura sonora. Antes disso, no entanto, tão fantástica quanto suas letras, a história de Zé Ramalho registra a gravação de um disco que ficou perdido nos escaninhos do tempo.

Trata-se do raríssimo álbum duplo "Paêbirú", creditado a Lula Cortês e Zé Ramalho, gravado entre os meses de outubro e dezembro de 1974, na gravadora Rozemblit, em Recife (PE). Com eles, estão Paulo Rafael, Robertinho de Recife, Geraldo Azevedo e Alceu Valença, entre outros. Na época, Lula Cortês tinha em seu currículo o álbum "Satwa" (1973), que trazia canções com título como "Alegro Piradíssimo", "Blues do Cachorro Louco" e "Valsa dos Cogumelos". Zé Ramalho, já tocando com Alceu Valença, tinha em sua bagagem a experiência de grupos de Jovem Guarda e beatlemania, como Os Quatro Loucos, o mais importante de todo o Nordeste.

Clássico do pós-tropicalismo, com (over)doses de psicodelia, o álbum trazia seus quatro lados dedicados aos elementos "água, terra, fogo e ar". Nesse clima, rolam canções como o medley "Trilha de Sumé/Culto à Terra/Bailado das Muscarias", com seus13 minutos de violas, flautas, baixão pesado, guitarras, rabecas, pianos, sopros, chocalhos e vocais "árabes", ou a curta e ultra-psicodélica "Raga dos Raios", com uma fuzz-guitar ensandecida. E, destaque do álbum, a obra-prima "Nas Paredes da Pedra Encantada, Os segredos Talhados Por Sumé" (regravada por Jorge Cabeleira, com participação de Zé Ramalho), com seu baixo sacado de Goin' Home dos Rolling Stones sustentando os mais pirados 7 minutos do que se pode chamar de psicodelia brasileira.

O disco por si só é uma lenda, mas ficou mais interessante ainda pelas situações que envolveram a sua gravação. A gravadora Rozenblit ficava na beira do rio Capiberibe, e o disco, depois de gravado, foi levado por uma das enchentes que assolavam a região. Conta a lenda que sobraram apenas umas trezentas cópias do disco, hoje nas mãos de poucos e felizardos colecionadores, muitas das quais no exterior, onde foram parar a preço de ouro. Contando com a co-produção do grupo multimídia Abrakadabra, o disco trazia um rico encarte, que também sucumbiu ao aguaceiro.

Hoje "top 10" das paradas de CDr no país e ítem valioso no mercado internacional de raridades psicodélicas, o álbum segue misteriosamente inédito no mundo digital. Com isso, a indústria dicográfica brasileira perde uma boa oportunidade de provar que se preocupa um pouco mais do que com o tilintar da caixa-registradora. "Paêbirú", que quer dizer "o caminho do sol" (para os incas), poderia ser o primeiro de uma série de raridades a ganhar a luz do dia, para ocupar uma fatia de mercado que, se pequena comercialmente, é fundamental para a preservação da cultura musical brasileira.
Texto de Fernando Rosa, originalmente publicado na revista Showbizz.

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24 de nov. de 2009

Psicodelia na Paraíba l


Recentemente em minhas andanças pelo Brasil voltei a João Pessoa, uma cidade que eu já morei a alguns anos e que é por demais agradável, e com uma força musical muito grande na história da música brasileira, na época que lá morei tive acesso a algumas coisas da sua história musical, e nessa minha última visita acabei descobrindo mas alguns discos bem diferentes e interessantes, vou tentar colocar uma dessas novidades por dia aqui.

Segue a primeira dessas novidades:
"Réquiem para o circo - Made in PB", lançado em 1976 e que tem a participação de Zé Ramalho, declamando o "Monólogo do Palhaço" uma adptação do Asilo de Petersen por Luis Carlos Vasconcelos, direção e produção de Eduardo Stuckert.

O compacto é em formato de poster sua capa abre em quatro partes, possui um livreto com 24 paginas! Em duas delas pela primeira vez Zé Ramalho falou sobre os segredos do Ingá, e seu albúm Paêbirú produzido com Lula Côrtes.


O Circo viveu por dois anos durante esta tempo fez o possível para ser fiel à ideía que lhe deu origem. Debaixo do toldo que por algum tempo coloriu uma de nossas avenidas muitas coisas aconteceram.

Houve representações de Teatro; houve concertos de música popular e também Erudita. Houve cantorias a viola, exibições de capoeira e de Bumba meu Boi; nele foram ouvidos os cantos de xangô e de Jurema.

O folclore fazia contraparte com as expressões refinadas da cultura, para que todos os gostos fossem servidos, conferencias, debates, exposicões de arte, havia também bailarinas semi-nuas que rebolavam ao ritmo quente das batucadas. Forrós pelo São João e festas de Natal à luz de velas; carnavais. Beethoven confraterniza com Paulinho da Viola e Luiz Gonzaga fazia duetos com Brahms.

Por dois anos o Circo tentou fazer cultura viva, a cultura alegre e sensual que dá encanto à vida.

Quem sabe dos seus escombros pode surgir uma nova casa de cultura, não a cultura de gravata, mas a cultura amena que faz alegria de viver...

Texto extraído do encarte do Compacto.

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Fonte brazilian nuggets